segunda-feira, 31 de março de 2008

SMALL CAPS: OPORTUNIDADES & RISCOS

Prezados,

Investimentos com maior potencial de retorno estão sempre aa mira dos investidores.

Desta forma, as ações de menor liquidez, as chamadas "small caps", transformaram-se nos últimos anos em alvo de destacada atenção dos agentes atuantes em renda variável no Brasil, inclusive com o lançamento de fundos direcionados para este tipo de aplicação.

Esta maior atratividade forçou, inclusive, a normatização dos investimentos nessa classe de ativos via fundos de ações. Recentemente, a Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) determinou que, em primeiro lugar, estes devem aplicar no mínimo 90% dos recursos nas 75 ações menos líquidas do índice IBrX-100 da Bovespa, formado por 100 papéis selecionados pelo critério de presença de mercado (capitalização). Já para os 10% restantes, o gestor está liberado para comprar qualquer ação do IBrX-100, com exceção das 10 mais líquidas.

Inicialmente é importante mencionar o fato de cerca de 85% das companhias listadas em mercados acionários no mundo serem classificáveis neste nicho, o que permite um maior espectro de alternativas para o gestor de recursos.

Em segundo lugar, a correlação da performance entre "small caps" e "large caps" (papéis de empresas maiores) oscila entre 0,5 e 0,8 de acordo com estudo publicado por Chisholm, T. (2003), sendo considerada baixa em seu limite inferior. Assim, é possível alcançar um valioso instrumento para diversificação de risco a partir desta combinação de ativos.

O terceiro ponto envolve o maior potencial de retorno desta classe de ativos, que encontra explicação inicial na baixa exposição à cobertura de analistas, o que criaria espaço para distorções expressivas entre preço de mercado e preço justo das ações.

Seriam as "small caps" efetivamente uma fonte de valor para investidores ávidos por retornos superiores à média de mercado?

Estudos acadêmicos diversos encontram resultados um tanto distintos. Dados publicados por renomado instituto americano mostram um retorno anualizado para as "small caps" de 17,5% e 12,7% para os períodos entre 1976-2006 e 1926-2006, respectivamente.

Já as "large caps" ofereceram 12,8% e 10,4% para os mesmos períodos. Por outro lado, outro estudo também realizado no mercado americano focado no período 1930-2000 revela, por exemplo, que as "large caps" ofereceram comparativamente maiores retornos nas décadas de 50, 80 e 90.

E no mercado brasileiro? Elas oferecem retorno superior?

No mercado acionário brasileiro, tivemos recentemente um exemplo que reforça a necessidade de cautela nos investimentos neste nicho de ações.

A performance das "small caps" foi inferior à rentabilidade do Índice Bovespa no período de 90 dias úteis (com encerramento em 06/03/08), capaz de capturar a turbulência do mercado iniciada em novembro.

De acordo com esta análise, o retorno médio dos fundos de ações ativos foi positiva em 11,25%, enquanto os principais fundos de "small caps" perderam 13,06%.

E aí??

Diante de resultados controversos, da aparente maior vulnerabilidade a momentos de pânico em crises e da resultante corrida por ativos mais líquidos, é razoável que o investidor exija retornos maiores (prêmios) para investimentos nesta classe de ativos como forma de remunerar o maior risco do menor tamanho destas companhias e também da eventual menor liquidez.

Em um âmbito mais técnico, a literatura aponta um natural desconto de 20% a 30% ao preço da ação como forma de punir o menor volume diário negociado.

Já para a variável relativa ao porte da companhia, para as menores empresas, os agentes deveriam requerer um retorno anual adicional de 2,62% de acordo com trabalho publicado nos EUA. Alternativamente, San Vicente (1998) e outros afirmam que este prêmio adicional necessário está completamente embutido no Beta da ação (variável responsável por mensurar o risco sistemático de um ativo e presente na fórmula do retorno requerido).

Portanto a diversificação e maior amplitude de investimentos são resultados alcançados pela aplicação em "small caps". No entanto, não basta selecionar empresas com base exclusivamente no valor de mercado para alcançar rentabilidade superior.

O importante é....

O fundamental é realizar boas escolhas de ativos, sejam do nicho de "small caps" ou de outro qualquer.

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