quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Copom reduz Selic para 12,75% e sinaliza ciclo curto de cortes

Prezados,

O COPOM foi tomado por um conjunto de notícias tão virulentas, que não se sentiu constrangido em ser um pouco mais agressivo do que, por exemplo, eu previa.

Com isso, decidiu ontem reduzir a taxa Selic em 1 ponto percentual, alterando o juro básico de 13,75% para 12,75% ao ano. A decisão não foi unânime - cinco membros votaram pelo corte agressivo, mas três insistiram na redução de 0,75 ponto.

Assim como o comitê, o mercado estava dividido entre os dois cortes, mas as expectativas por uma reação agressiva do BC foram reforçadas com a divulgação dos últimos índices de atividade econômica, como a redução de emprego formal e produção industrial, compilados respectivamente do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). Acendeu-se a luz vermelha entre economistas e analistas de investimento.

Entretanto... Contudo.. Todavia....
Ao meu ver, o que permitiu ao BC trocar um ajuste longo e mais suave por um ciclo que parece ser curto e agressivo de flexibilização de juro é a estimativa de que é possível manter a inflação dentro da meta, já que a desaceleração econômica e a queda no preço das commodities compensam a pressão cambial sobre os preços domésticos. O relatório Focus desta semana projetou um IPCA de 4,8% em 2009.

DE QUALQUER MODO...
O consenso é que, do ponto de vista prático, o corte traz pouca mudança, assim como traria a redução de 0,75 ponto.

O fato de o BC manter a taxa na reunião anterior foi equivalente à uma alteração para cima, já que demais países aceleraram o corte de juros com o acirramento da crise econômica. O último corte brasileiro foi em setembro de 2007 e, para que o País deixasse a liderança de maior taxa de juros reais, descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses, seria necessário um corte de 3 pontos de uma só vez. O corte, impensável para o conservador BC, deixaria o Brasil atrás da Hungria.

Com o corte de ontem e a inflação projetada, o juro real brasileiro fica em 7,6% ao ano. A última vez em que o Copom cortou 1 ponto nominal foi em dezembro de 2003.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

AMANHA SERA UM NOVO DIA??

Prezados,

Amanhã, dia 20 de janeiro de 2009, sem dúvida, será histórico!

Afinal de contas, Mr. Barack Obama será o primeiro negro a presidir a maior potência do planeta Terra, os EUA !

E O QUE MUDA?
A julgar pela queda do spread no mercado interbancário e pelo sucesso de algumas captações soberanas (inclusive do Brasil), parece estar em curso pequena melhora de liquidez no mercado internacional. As expectativas em torno do “pacote Obama” são positivas, o que tem feito as bolsas recuperarem parte da queda do ano passado.

PORÉM... ENTRETANTO.. TODAVIA...
Não podemos deixar de considerar que os desdobramentos recentes continuam preocupantes, mesmo após a estabilização do sistema financeiro promovida pelas autoridades dos EUA e Europa.

Os bancos continuam apresentando prejuízos inéditos, referentes ao último trimestre de 2008, e não conseguem realizar capitalização voluntária. Por esta razão, os governos continuam injetando recursos no sistema bancário. Para os próximos meses, aguardam-se aumentos das taxas de inadimplência, na medida em que a saúde financeira de empresas e indivíduos se deteriora com a recessão.

O presidente do Fed afirma ser ainda necessário retirar ativos podres do sistema (mais recursos fiscais). A deflação ocorrida nos últimos três meses no mundo desenvolvido é preocupante, uma vez que as taxas reais de juro esperadas continuam elevadas, mesmo com nível zero no curto prazo. Nessas circunstâncias, não se pode esperar que o sistema bancário retome o volume de crédito necessário para começar a tirar a economia da recessão.

E NÓS.. EMERGENTES? FICAMOS COMO?
Os efeitos da crise sobre os países emergentes, inclusive o Brasil, têm sido mais fortes e
mais rápidos do que a maioria dos analistas esperava, o que cria perspectiva mais sombria
sobre o crescimento da economia mundial, neste ano.

A crise se espalhou pelo mundo inicialmente devido à parada súbita dos fluxos de capital e atingiu com maior intensidade os países que deles mais dependem, como é o caso do Brasil. Em seguida, o comércio internacional começou a se contrair, tanto em preço quanto em volume.

Embora dados mundiais recentes ainda não estejam disponíveis, pode-se afirmar que este canal de transmissão da crise passou a ser tão ou mais importante que o canal financeiro, especialmente para economias abertas, ou seja, mais dependentes do comércio exterior.

O caso da China é ilustrativo. Mesmo sendo uma economia grande, o país ampliou muito seu grau de abertura nesta década, a ponto de hoje as exportações representarem 35% do PIB chinês. A retração do mercado mundial foi o principal fator explicativo para o fato de a produção industrial, que crescia à taxa de 16% ao ano (até agosto), ter recuado para 4,0% ao ano, em apenas três meses. Espera-se que, como resultado disso, o PIB chinês cresça menos de 6,0%, neste ano.

Embora a economia brasileira seja bem mais fechada que as dos demais países emergentes (as exportações de mercadorias representam cerca de 15,0% do PIB), o efeito da contração do comércio é de primeira ordem, particularmente nos setores voltados para fora, como a indústria mineral e a de agronegócios.

Sem falar que no Brasil, o emprego já parou de crescer (para não dizer que já caiu!!!) e, com o tempo, ocorrerá aumento da taxa de desemprego, e queda da massa real de renda e da demanda de consumo, em geral.

E, NO FINAL DAS CONTAS...
Bom.. considerando tudo que já comentei acima, minha expectativa é que o PIB do nosso Brasil brasileiro cresça entre 1% a no máximo 2% em 2009, isso se tudo correr bem, é claro!

E, portanto, não resta outro caminho a seguir pelo COPOM nesta semana a não ser reduzir a Taxa SELIC ( o que já não era sem tempo ! ), afinal somos a MAIOR TAXA DE JUROS REAL DO PLANETA !

Minha expectativa é que caia 0,75%, voltando portanto ao patamar de 13% aa. Hoje, está em 13,75% aa, o que é um DESPROPÓSITO!