segunda-feira, 10 de março de 2008

A liquidez internacional não secou

Prezados,

Sabemos que o ano passado foi caracterizado por excepcional liquidez internacional.

Entretanto, cabe ressaltar que já se temia que, com a crise dos empréstimos hipotecários nos EUA, essa liquidez secasse abruptamente, afetando os países emergentes. Uma reunião do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), com a presença de banqueiros de cerca de 60 países, mostrou que não se justificava esse temor, particularmente no caso do Brasil.


Seguramente, a crise nos EUA afeta os países industrializados onde operam grandes bancos que participaram, direta ou indiretamente, do esquema do "subprime". No entanto, se a aversão ao risco deve afetar as empresas dos países ricos, pela necessidade das instituições financeiras desses países de reconstituírem seus ativos, em relação aos países emergentes que levaram a sério seu dever de casa e que oferecem boas oportunidades de negócios, parece que o clima que se criou não é nada dramático.


O IIF apresentou um trabalho prevendo que o fluxo de capitais estrangeiros para os países emergentes cairá apenas de US$ 782 bilhões, em 2007, para US$ 730 bilhões em 2008, mas os investimentos diretos, de US$ 167 bilhões em 2006 e de US$ 256 bilhões em 2007, subirão para US$ 268 bilhões neste ano.

Os países asiáticos absorverão a maior parte desses investimentos, mas na reunião do IIF houve referências muito elogiosas aos países latino-americanos, com destaque para o Brasil.

Os países da América Latina deverão receber, em 2008, um fluxo de capital estrangeiro total de US$ 129,3 bilhões, dos quais US$ 70,5 bilhões para o Brasil - uma queda, no nosso caso, de US$ 9 bilhões.


Os investimentos em ações nas bolsas (líquidos) deverão cair de US$ 24,8 bilhões para US$ 23 bilhões e os Investimentos Diretos Estrangeiros (IDEs) - deduzidos os do Brasil no exterior -, de US$ 16,05 bilhões para US$ 12 bilhões. A redução dos IDEs se deve, em parte, à taxa cambial, em parte ao IOF de 0,38%, que incide nas operações de câmbio, e, finalmente, ao aumento das taxas de juros no mercado internacional que desestimulam empréstimos.

A liquidez para os países emergentes não secou.

Todavia, há que considerar, no caso brasileiro, que, ao lado da forte redução do saldo da balança comercial, vamos ter um certo recuo nos ingressos de capitais - isso implicará queda significativa do saldo de transações correntes no balanço de pagamentos.

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