sexta-feira, 30 de maio de 2008

RECEBEMOS MAIS UM I.G. E DAÍ?

Prezados,

Ontem, dia 29/05/08, 1 mês após a S&P ter elevado o Brasil a I.G. (Investment Grade), outra importante agência classificadora de risco fez o mesmo, a Fitch.

A confirmação do grau de investimento pela
Fitch Ratings marca o início de um novo ciclo para o Brasil. Se no começo da década havia a expectativa de que o selo de economia não-especulativa representaria grandes saltos para os ativos locais, a percepção, agora, é de que muito disso já está nos preços. No longo prazo, a chancela de menor risco aos olhos do capital internacional significa maior fluxo para o país, menor volatilidade, mas potencial reduzido de retornos extraordinários também.

O investidor terá de se habituar a tempos mais previsíveis. No curto prazo, as tendências para bolsa (de alta), câmbio (de queda) e juros (também de alta) não se alteram significativamente.


À medida que seguradoras e fundos de pensão estrangeiros aumentarem a parcela de investimento dedicada ao Brasil, as ações, os títulos públicos e o real tenderão a capitalizar o ingresso desse dinheiro novo. Mas as movimentações estarão mais do que nunca condicionadas a fundamentos e menos a especulações.

A elevação da nota brasileira já se concretizou
Ninguém descobrirá o Brasil agora. Não esperem que haverá mais grandes eventos que manterão os ativos brasileiros em ascensão tão forte e tão distante do mercado mundial. Tudo agora passa a ser mais gradual, o que é mais condizente com um país considerado nível de investimento, não é mesmo?.

O que muda agora?
Bom, com as notas dadas por duas agências de classificação, o que muda é que aumenta o percentual que os aplicadores com perfil de longo prazo podem distribuir nos diversos mercados. O grau de segurança passa a ser maior e isso se emenda com a fusão das bolsas, um fato muito positivo do ponto de vista institucional.

E a queda de ontem no dia do anúncio do 2º I.G.?
A a queda de 1,85% do Ibovespa ontem é um indício de que não só o "investment grade" já foi em boa medida antecipado, como também é uma demonstração de maturidade. O hoje já está no preço, mas o que vamos ver no futuro é uma maior consistência nos movimentos. O incremento do fluxo estrangeiro deve será relevante para mudar tendências de curto prazo. O 2º selo corrobora tendências que já existiam.

E a partir de agora então?
Nos próximos seis meses, a alta das commodities, o aumento dos preços dos alimentos e as pressões inflacionárias tendem a ditar a dinâmica de preços dos ativos locais, mais do que o grau de investimento.
Os juros tendem a subir até o fim do ano e isso deverá desacelerar a economia, resultando num menor crescimento para o lucro das empresas, o que naturalmente é precificado pelo mercado.

Ao ampliar o leque de recursos que podem ser alocados no Brasil, o "investment grade" tende a levar a um juro real potencialmente mais baixo para o país no médio prazo. Bom para quem quer se antecipar a esse movimento nos títulos da dívida brasileira, seja nos prefixados, seja nos papéis atrelados a índices de preços.

O ciclo de aumento do juro brasileiro representa uma certa contradição para o Brasil, nesse momento em que o país recebe o aval de bom crédito por duas agências de classificação de risco, os setores mais beneficiados na bolsa tendem a ser
bancos, varejo, construção civil e as ações das próprias bolsas, que vão se beneficiar do maior fluxo para o mercado local. Na renda variável, as companhias vão se beneficiar pelo acesso a capitais a custos mais favoráveis.

O primeiro impacto do novo grau e investimento será no câmbio, com o dólar podendo até romper a barreira de R$ 1,60. Esta tendência já existia, por conta do diferencial de juros, e ganha reforço agora.

Por sua vez, no longo prazo, outra conseqüência será o maior fluxo de recursos para cá nas próximas ofertas públicas iniciais (IPO, em inglês). Embora a promoção brasileira represente um incentivo para a retomada das ofertas de ações num ritmo mais consistente, a seletividade segue na ordem do dia.

No frigir dos ovos, ao mesmo tempo em que o Brasil fica credenciado para receber um fluxo novo, a aversão ao risco, trazida pela crise do "subprime" e o freio na economia dos EUA mantêm algumas dúvidas no ar.

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