sábado, 24 de maio de 2008

POR QUE, QUANDO OS JUROS SOBEM, O VALOR DOS TITULOS PUBLICOS CAI?

Prezados,

Há tempos no Brasil se adota uma Política Monetária que tem por finalidade controlar por meio do acréscimo dos juros a demanda inflacionária.

Dito em outras palavras, o Banco Central quando sente que há uma ameaça de elevação inflacionária aumenta a taxa de juros, vide a última elevação do COPOM.




MAS COMO ISSO INFLUENCIA O PREÇO DOS TÍTULOS PÚBLICOS?
Quando compramos um título público pelo tesouro direto, ou entramos em algum fundo de renda fixa baseado em títulos atrelados, por exemplo, à SELIC, estamos assumindo a posição de "emprestadores” ao governo. No exemplo mais simples, compramos um título pré-fixado, por hipótese pagando juros correspondentes à taxa SELIC (LTN – Letra do Tesouro Nacional), por um valor de R$ 1.000,00. O governo promete nos pagar, daqui a 1 ano, o valor de R$ 1.000,00 acrescidos dos juros referentes à taxa SELIC (11,75%), o que significaria receber um total de R$ 1.117,50. Nos valores a seguir não considero os custos de operação e dos impostos, pois não são necessários para explicar o mecanismo de variação nos preços dos títulos.

Sairiam R$ 1.000,00 no “dia 0” da sua conta e voltariam R$ 1.117,50 (R$ 1.000,00 do principal + R$ 117,50 de juros), ao final de 1 ano.

Isso é algo contratado, ou seja, mesmo que os juros disparem ou derretam, não há como mudar esse resultado, pois é um título pré-fixado à taxa SELIC do dia em que foi comprado. Se você segurar o título até o vencimento, terá o valor combinado.

MAS E SE PRECISO DO DINHEIRO ANTES DO VENCIMENTO?
Nesse caso existe um mercado secundário para os títulos, que tem suas peculiaridades que não serão discutidas aqui, mas que, em tese, recompraria os títulos pelo valor que eles estiverem no mercado naquele dia.

E SE OS JUROS SUBIREM?
É nesse caso que os valores vão mudar.

Quanto maior for a alteração, para mais, na taxa de juros, maior será a depreciação no valor do título.

Os brasileiros que tinham dinheiro em renda fixa em meados de 2002 lembram dos efeitos que a tal “marcação a mercado” provocaram em seus patrimônios. Em apenas 1 dia, alguns fundos de renda fixa chegaram a cair 4%.

É que as instituições financeiras registravam os títulos pelo valor de face, corrigido pela taxa de juros contratada inicialmente, só que, no mercado secundário, esses títulos flutuavam de acordo com a direção dos juros. De um dia para o outro, os fundos precisaram ajustar seus valores contábeis a valor de mercado, por isso o patrimônio caiu, pois os títulos no mercado tinham valor bem inferior ao que estava registrado nos fundos.

Isso gerou uma saída expressiva de recursos dos fundos pré-fixados à SELIC, com conseqüente migração para a poupança. Depois, quando os investidores entenderam o que havia ocorrido, os recursos acabaram voltando.

Naquela época, onde, devido à fragilidade das contas externas, às vezes o Banco Central tinha que aplicar grandes choques de juros, para evitar que o dinheiro estrangeiro saísse durante crises internacionais.

Empresas que detinham grandes somas em títulos de renda fixa (como seguradoras por exemplo) acabaram registrando uma perda contábil por essa marcação a mercado, dado que a
percepção do mercado era de que os juros subiriam para conter a inflação. Não é uma perda REAL, pois eles não devem vender o título, vão esperar até o vencimento, mas no balanço são obrigados a registrar a queda no valor dos títulos de renda fixa.

Naturalmente, quando há queda nos juros, os títulos sobem de valor.

É por isso que na TV Bloomberg, quando se divulgam os dados sobre o valor dos títulos da dívida
americana, o apresentador diz: O valor dos títulos se move na direção inversa do ganho percentual.

Guarde bem essa mecânica!

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