segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

Lucros à vista: Fique atento à Divulgação dos Resultados das Empresas!

Com o início da temporada de balanços corporativos referentes a 2006, montar uma carteira de ações oportunista, com o objetivo de amplificar os ganhos em bolsa com os dividendos que se concentram no primeiro semestre, pode ser uma estratégia frutífera neste início de ano. A prevista continuidade do ciclo de cortes de juros faz com que empresas mais generosas na distribuição de resultados ganhem relevância no portfólio dos investidores.

Alguns papéis, como Telesp PN (preferencial, sem voto) e AES Tietê PN continuam sendo quase unanimidade nas recomendações das corretoras. Ações como Comgás PNA, CCR ON (ordinária, com voto) e até Banespa PN também são bem vistas por analistas.
Apesar de o antigo banco estadual manter apenas 2,5% de suas ações em circulação no mercado, negociando de R$ 100 mil a R$ 200 mil ao dia, a liquidez é suficiente para a pessoa física adquirir os papéis com o objetivo de fisgar os dividendos que vêm por aí, diz o chefe de análise da Link Corretora, Adriano Blanaru. "O racional é que a administração do Santander (o dono do Banespa, desde a privatização de 2000) tem que pagar muito dividendo para a matriz na Espanha, a ação está próxima de ficar 'ex' (ex-dividendo) e pode ser um momento oportuno para o investidor individual." O especialista calcula para Banespa PN um "dividend yield" (o retorno em dividendos) entre 10% e 11%, ante a média na casa dos 5% do Ibovespa.

Quando as empresas anunciam a distribuição de dividendos ou juros sobre capital próprio, normalmente referentes ao exercício anterior, costumam fixar uma data para o ajuste do papel na Bovespa, tornando-o "ex-dividendo", retirando do preço normal a parcela referente ao provento. Só que rapidamente a ação volta ao valor anterior e "o processo de ajuste é um verdadeiro milagre do mercado", afirma o chefe de análise da Concórdia, Eduardo Kondo. "É algo mais explicado pela psicologia do que pela matemática", diz.

É aí que o investidor ganha, tanto no dividendo quanto no retorno do papel ao preço anterior ao anúncio da distribuição. Kondo chama a atenção para a importância de se reinvestir o benefício na própria ação de forma a potencializar os lucros. Na seleção do trimestre ele incluiu Comgás PNA e Coelce PNA, que no ano passado tinham um "yield" projetado em 8,4% e 12,6%, respectivamente, e costumam concentrar o pagamento de seus proventos em abril.

Manter uma carteira de dividendos também pode ser uma forma de atenuar eventuais viradas do mercado, especialmente se a seleção for pautada por papéis com bons fundamentos. Isso porque as empresas que dividem melhor o bolo de resultados normalmente estão num estágio mais maduro de negócios, têm certa previsibilidade de geração de caixa, mas ainda carregam algum potencial de crescimento.

Com os juros em queda, as grandes pagadoras de dividendos ganham evidência em 2007, apontam os analistas Pedro Martins Jr. e Fernando Ferreira, da Merrill Lynch. Considerando que a Selic pode terminar o ano em 12% ao ano, ante os 13,25% atuais, a corretora americana indica seis papéis de empresas brasileiras com foco nos dividendos na sua lista de América Latina: AES Tietê PN, Tractebel ON, Telesp PN, Eletropaulo PNB, Tele Norte Leste ON e CPFL Energia ON.

O maior "dividend yield" projetado pela Merrill Lynch é, disparado, de Telesp fixa, de 13,1% neste ano e de 12,6% em 2008. Logo depois vêm Tractebel, com 7,7% e 7%, e, AES Tietê, com retorno em dividendos estimado em 7,5% para 2007 e em 7,9% no ano que vem.
Fonte: Jornal Valor.

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