quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Investindo no IBOV através de mini-contratos futuros


Por que investir em índice de ações? De acordo com a teoria de mercados eficientes, não é possível obter-se consistentemente um retorno (ajustado pelo risco) acima do mercado, seja ele por meio de market timing ou seleção de ativos (stock picking). Existe uma grande controvérsia sobre este tema, pois caso isto fosse verdade uma boa parte da indústria financeira seria redundante e desnecessária.

Desde a década de 60, diversos pesquisadores investigaram a questão. Tomando como exemplo a indústria de fundos mútuos de ações nos EUA e Reino Unido, muitos estudos concluíram que a maioria dos fundos realmente não gera retornos estatisticamente superiores ao mercado.

No caso dos pequenos investidores, bombardeados diariamente por dicas de ações e sistemas e indicadores de análise técnica “infalíveis”, o problema é ainda maior. Um fato muito importante, normalmente ignorado, é o custo de transação.

Um exemplo é o estudo conduzido por Barber e Odean (2000), professores da Universidade da Califórnia, analisando o retorno de 66.465 contas de uma grande corretora de varejo dos EUA. Eles dividiram os investidores em 5 grupos, de acordo com o nível de movimentação financeira (turnover).

O GRÁFICO acima mostra o que eles encontraram.

Temos o retorno médio anual bruto (gross return) em branco, retorno médio anual líquido (net return) em preto, e o quanto cada grupo movimenta (turnover), para os cinco grupos, para o investidor médio, e para um fundo passivo de ações (iremos discutir o conceito a seguir).

Podemos ver claramente que o retorno bruto é semelhante para todos os grupos. Isto indica que ao negociar mais o investidor médio não aumenta sua performance bruta, de modo que ele está negociando com base em “ruídos” (a dica do momento ou o sistema “infalível”), ao invés de informação útil. Quando considerado o custo de transação, quanto mais negócios o investidor médio realiza (indo do grupo 1 ao 5), menor é seu retorno líquido, ou seja, maior é o dinheiro que acaba saindo da sua conta para a conta de sua corretora.

Deste modo, dada a dificuldade de se bater o mercado consistente-mente, muitos pequenos e grandes investidores preferem simplesmente como alternativa de baixo custo investir no mercado de ações como um todo de maneira passiva, isto é, seguindo um índice de ações.

Índices de ações são construídos com o objetivo de representar a performance do mercado como um todo (de um país, de grupos de países ou até mesmo de todo o mundo), de setores específicos da economia ou de empresas que possuam características comuns. Os índices mais utilizados e divulgados são os que representam os mercados de países, por exemplo: Dow Jones, S&P500 (EUA), FTSE (Inglaterra), Nikkei (Japão), Ibovespa (Brasil).

Os fundos que seguem índices de ações são chamados de fundos passivos (index trackers). Como a composição do fundo é conhecida e fixa na maior parte do tempo, o custo é baixo.

O fundo americano Vanguard 500, introduzido em 1976, segue o índice S&P500. Este fundo possui mais de US$ 100 bilhões em ativos administrado e tem um custo médio de apenas 0,18% ao ano para o investidor.

No Brasil, muitos destes fundos cobram taxas de administração elevada, de cerca de 2,5% ao ano. Este pequeno artigo mostra uma alternativa com o uso de mini-contratos futuros negociados na BM&F (Bolsa Mercantil e de Futuros).

O que são mini-contratos futuros de Ibovespa?
Um contrato futuro é um acordo entre duas partes para comprar e vender um certo ativo em um certo período no futuro por um certo preço. Um exemplo simplificado: um fazendeiro em Agosto/2006 possui café estocado e pode estar preocupado com uma possível queda do preço do café no mercado.

Desta maneira, ele vende contratos futuros de café na BM&F pelo preço de US$ 127,50 a saca com vencimento em 21/09/2006. No dia do vencimento o fazendeiro entrega o café recebendo o preço acordado anteriormente (US$ 127,50 a saca), mesmo que o preço tenha caído no mercado. Deste modo o fazendeiro que vendeu o café garantiu seu preço. A contraparte (que comprou os contratos futuros) irá ter feito um bom negócio se o preço do café subir no mercado até o vencimento.

Contratos futuros são padronizados e negociados em bolsa. Deste modo as partes não negociam diretamente.

No caso de contratos futuros do índice Ibovespa, o ativo não é físico, mas apenas financeiro (o valor do índice). No dia do vencimento do contrato, a BM&F calcula o preço de liquidação do contrato, baseado no preço médio do índice Ibovespa das últimas duas horas e meia de pregão. Os vencimentos são bimestrais. Cada ponto do índice vale R$ 1,00 e o lote mínimo de contratos que pode ser negociado contém 5 contratos.

Por exemplo, no dia 15/09/2006 um investidor compra 5 contratos futuros de Ibovespa a 36.460 pontos. Suponha que no vencimento em 18/10/2006 o preço de liquidação seja de 39.460 pontos. Este investidor ganhou (39.460-36.460) x R$ 1,00 x 5 contratos = R$ 15.000,00 no período menos os custos de corretagens.

Em geral a posição não é carregada até o vencimento, mas encerrada (zerada) antes com a operação contrária a operação inicial. Por exemplo, o investidor comprou os 5 contratos por 36.460 em 15/09/2006. Após uma semana, o contrato está sendo cotado a 37.460 pontos. O investidor pode simplesmente vender 5 contratos por 37.460, “zerando” sua posição inicial comprada e embolsando a diferença (37.460-36.460) x R$ 1,00 x 5 contratos = R$ 5.000,00.
Como pode-se ver, o contrato de Ibovespa futuro é bem caro para o pequeno investidor. Uma variação de 1000 pontos do índice em 5 contratos vale R$ 5.000,00. Desta maneira, a BM&F introduziu o mini-contrato futuro, onde 1 ponto do índice vale R$ 0,20 e o lote mínimo de negociação é de apenas 1 mini-contrato. Assim, no exemplo do parágrafo anterior, teríamos (37.460-36.460) x R$ 0,20 x 1 contrato = R$ 200,00 para uma oscilação de 1000 pontos.
Em muitos casos, o pequeno ou médio investidor/especulador vê o mini-contrato futuro como uma oportunidade para especular com alta alavancagem, isto é, apostar na direção do mercado e ganhar dinheiro com oscilações de curto prazo. Não é este o nosso propósito. Contratos futuros são uma alternativa extremamente barata e flexível também para o investidor de longo prazo, como iremos mostrar abaixo e nos próximos artigos.

Fonte:
http://www.bastter.com/BR/MERCADO/Aprendizado/IndiceFuturo/Default.aspx

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