terça-feira, 12 de dezembro de 2006

A sonhada independência financeira está ao alcance de todos

Eu não poderia ter escrito melhor... Vale a leitura atenta....

Ter o próprio negócio é a simplificação mais recorrente entre os brasileiros do conceito de independência financeira. Um perigo. Na verdade este é um atalho muito arriscado e que pode, na verdade, levar para um precipício financeiro. O fato é que são pouquíssimas as empresas que conseguem ultrapassar o primeiro ano de vida e mais raras ainda aquelas que emplacam mais de cinco anos de atividade.


Há também aqueles que acham que independência financeira é parar de trabalhar. Outro erro. Num mundo em que fazer 100 anos torna-se cada vez mais freqüente, deixar de ter uma receita regular é para poucos. Além disso, trabalhar pode ser extremamente prazeroso quando se faz o que gosta com pessoas que você admira.


Mas o que seria independência financeira? Esse é um conceito que mudou muito nos últimos anos. Na próxima edição da revista ValorInveste, que chega às bancas esta semana, há uma extensa investigação sobre o tema e a reportagem de capa mostra brasileiros que conseguiram alcançar a independência financeira. Há diversos perfis de profissionais, de autônomos a banqueiros e até mesmo gente que construiu o seu próprio negócio, como Marianella Alarcon e o marido José Pedro Sousa.


Os dois acabam de inaugurar a primeira loja daquela que será uma rede exclusiva para soluções de tecnologia ainda não usadas no Brasil, a Tybo. "Planejamos esse passo com muito cuidado, avaliando riscos e traçando metas financeiras para não cair numa armadilha", diz Marianella. Com mais de dez anos no mercado financeiro, nos últimos três anos como executiva do Unibanco, essa venezuelana de mãos seguras fica com o controle de cada centavo investido no projeto, para que o empreendimento não comprometa a saúde financeira da família. "Sempre tivemos a meta de abrir um negócio próprio depois dos 40 e conseguimos", diz ela. "Mas nunca pensamos em parar de trabalhar."


Sousa tem uma longa experiência no setor de tecnologia de informação, nos últimos anos como executivo da Microsoft. Assim, eles reuniram seus talentos e criaram um conceito novo de serviços em TI. Um dos públicos alvos da Tybo são pessoas que como eles também querem ter seu próprio negócio. Para esse segmento, a Tybo vende não só softwares para montar um "business plan" como também põe à disposição para os interessados atendentes, livros e até palestras agendadas sobre o tema. "Há muitas pessoas que querem montar seu negócio e nem sabem por onde começar", diz Sousa.


Este é o ponto. Para montar o próprio negócio ou atingir a independência financeira é fundamental fazer contas. Do contrário, seu fôlego financeiro vai durar pouco. E, na maior parte das vezes, não há essa preocupação. Outro aspecto de extrema importância: abaixe as expectativas. Muita gente acha que para ter independência financeira é fundamental ser rico. Engano.


A verdade é que o que vai deixá-lo feliz custa pouco e não é necessário ser milionário para ser financeiramente independente. Mas é fundamental que, primeiro, você defina seu estilo de vida. Depois, risque os excessos de sua vida. Os excessos podem não só tirá-lo da rota da independência financeira, mas, principalmente, debilitar sua saúde financeira e por tabela seu bem-estar profissional e familiar.


Este é um tema que vale uma reflexão com base em alguns estudos publicados por diversas universidades. Os pesquisadores têm chegado à conclusão que as pessoas mais felizes são aquelas que dedicam mais tempo ao que gostam de fazer, aos amigos e à família. O problema é que quando você acumula demandas financeiras tem de cada vez mais abrir mão desse tempo para ter o suficiente para pagar as obrigações que se acumulam mensalmente.


Dessa forma, o dinheiro que você trabalha tanto para ganhar não consegue atingir aquele que deveria ser seu principal alvo: seu bem-estar ou "comprar" sua felicidade. Mas o que é ainda pior é que você se obriga a diariamente engolir os muitos sapos que encontra na sua rotina de trabalho simplesmente porque não pode abrir mão daquela receita. É uma armadilha e para conseguir se livrar dela será necessário ter racionalidade.


Independência financeira não é ficar em casa sem ter o que fazer, mas basicamente ter a liberdade de escolher o que fazer e ter tempo para desfrutar suas conquistas. Quem está às voltas com as contas no fim do mês para pagar sequer presta atenção a essas conquistas.


Por isso, observe o que disse o professor David Schkade, da Universidade da Califórnia, em San Diego, em uma entrevista recente ao "The Wall Street Journal": "Quando alguma coisa boa acontecer, você precisa encontrar uma forma de segurá-la por muito tempo". O melhor caminho é comemorar as conquistas em família, com um jantar ou uma viagem, por exemplo. A lembrança desses momentos é a forma de eternizar a felicidade.


Mara Luquet é editora da revista ValorInveste e autora do livro O Assunto é Dinheiro, escrito em parceria com o jornalista Carlos Alberto Sardenberg
E-mail
mara.luquet@valor.com.br

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