terça-feira, 19 de dezembro de 2006

Fosfertil e Bunge Fertilizantes tentam fusão

A Fosfertil, maior fabricante de matérias-primas para adubos do país, e a Bunge Fertilizantes, também fabricante de matérias-primas e líder em vendas de produtos acabados no mercado brasileiro, anunciaram na sexta-feira a intenção de unificar suas operações.


Já aprovada pela cúpula da Bunge, a proposta será apresentada na próxima quinta-feira ao conselho de administração da Fosfertil - e, 30 dias depois, terá de passar pelo crivo da assembléia de acionistas da empresa, que tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo.

A expectativa de ambas é que os acionistas da Fosfertil, que há alguns anos incorporou a Ultrafertil, aprovem a unificação das operações. Segundo Mário A. Barbosa Neto, presidente da Bunge Fertilizantes, a nova empresa, já batizada de Fosfertil Fertilizantes S.A., teria faturamento da ordem de R$ 5,5 bilhões por ano.

O otimismo em relação ao aval dos acionistas da Fosfertil obedece a um raciocínio matemático. Consideradas apenas as ações ordinárias, a Bunge tem 52,35% da Fertifos, holding que controla a Fosfertil com participação de 81,53%.

Vale notar, porém, que as principais concorrentes da Bunge nos mercados brasileiro e mundial de fertilizantes também têm fatias da Fertifos. A norueguesa Yara, maior companhia de fertilizantes do mundo, herdou a participação de 12,77% da Fertibrás, que adquiriu recentemente. E a Mosaic, formada a partir dos negócios globais de adubos da americana Cargill e de sua compatriota IMC, tem 33,43%.

Decisões tomadas neste ano na Fosfertil sobretudo por orientação da Bunge - antes da Yara adquirir a Fertibrás - já provocaram celeuma entre as acionistas rivais, e fontes do segmento não duvidam que essas divergências possam no mínimo tornar mais turbulenta a aprovação da proposta de união, por mais que a Fosfertil reitere que seus clientes, acionistas ou não, serão sempre tratados de maneira equânime.

Se aprovada a fusão, que certamente dependerá também do sinal verde das autoridades antitruste, a holding Fertifos ficará com 31,79% das ações ordinárias da Fosfertil e a Bunge, por meio de três empresas (Bunge Brasil Holdings, Bunge Coopertief e Bunge Participações e Investimentos) terá 50,4% - e, assim, o controle direto.

"Com a unificação, os acionistas terão uma empresa mais forte e mais competitiva", afirma Francisco Gros, presidente da Fosfertil. Segundo ele, a união deve gerar sinergias de entre R$ 100 milhões e R$ 130 milhões, entre reduções de custos e aumento de eficiência.

Em princípio, garante Mário Barbosa, não haveria a necessidade de demissões em virtude da complementaridade das operações de ambas. A Fosfertil, depois das demissões realizadas neste ano, passou a ter 2,7 mil funcionários. A Bunge Fertilizantes, que também passou por reestruturação com corte de pessoal no fim de 2005, tem 3 mil.

Gros e Barbosa também afirmam que a proposta de unificação das operações nada tem que ver com as dificuldades enfrentadas no mercado brasileiro do ano passado até o terceiro trimestre de 2006 - que provocaram os enxugamentos -, quando a crise de liquidez e renda dos produtores de grãos reduziram a demanda por adubos no país.

Em termos formais, a reorganização proposta prevê a transformação da Bunge Fertilizantes em subsidiária integral da Fosfertil.

Segundo comunicado enviado pela Fosfertil à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o processo prevê "a conversão de todas as ações preferenciais de emissão da Fosfertil em ações ordinárias, com direitos equivalentes, inclusive o de serem incluídas em eventual alienação de controle (tag along), em igualdade de condições com o acionista controlador", além do aumento dividendo mínimo obrigatório de 25% do lucro líquido para 27,5%.

Diz o comunicado que "para os fins da relação de troca a ser estabelecida para a incorporação, serão considerados os valores econômicos da Fosfertil e da Bunge Fertilizantes sem considerados efeitos da pretendida reorganização (stand alone), na data base de 30 de setembro de 2006". Conforme avaliações preliminares, o valor econômico de 100% das ações da Bunge Fertilizantes chega perto de R$ 2,5 bilhões. No caso da Fosfertil, cálculo semelhante resulta em pouco mais de R$ 3,2 bilhões.

Barbosa avalia que, como o Brasil depende de importações e as grandes empresas estrangeiras do segmento estão se fundindo, é preciso conferir musculatura para garantir o futuro da Fosfertil. Esta abastece 33% do consumo nacional de nutrientes derivados do fosfato e 20% no caso dos nitrogenados. Como fabricante de matérias-primas, a Bunge responde por 7% dos fosfatados e, na ponta, por 28% das vendas de produtos acabados.

Fonte: Jornal Valor Econômico


Mais informações no clique no link: FUSAO DA FOSFERTIL & BUNGE


Nenhum comentário: