sábado, 19 de julho de 2008

O investidor fiel

Prezado(a),

Você se identifica com o perfil abaixo, descrito pela reportagem do Jornal Valor em 17/07?

TEXTO REPRODUZIDO NA ÍNTEGRA

O investidor brasileiro é, antes de tudo, um forte. É ele quem tem evitado que a Bolsa de Valores de São Paulo despenque ainda mais, comprando ações enquanto os estrangeiros batem em retirada e os fundos de pensão reduzem suas posições no mercado brasileiro. No ano, até dia 11, as pessoas físicas compraram liquidamente R$ R$ 7,820 bilhões direto na bolsa. Outros R$ 1,358 bilhões entraram no mercado via fundos de varejo até dia 14, segundo o site Fortuna, perfazendo um total líquido de R$ 9,179 bilhões em aplicações de milhares de investidores fiéis na recuperação do mercado acionário brasileiro. Ao mesmo tempo, os estrangeiros tiraram da bolsa R$ 9,861 bilhões no período e os institucionais, R$ 4,371 bilhões.

O comportamento das pessoas físicas segue a aposta de que o que aconteceu nos últimos cinco anos, em que a bolsa caiu e depois se recuperou fortemente, vai se repetir, diz Ezra Safra, sócio da M. Safra Investimentos. "As pessoas estão muito compradas em bolsa, algumas até alavancadas, compradas a termo e isso traz um risco técnico para o mercado", diz Azuri, como é conhecido. No mercado a termo, o investidor dá um sinal (margem) para adquirir um papel no futuro a um preço determinado.

Segundo ele, muitos compraram os papéis no pico da bolsa, logo após o Brasil obter o grau de investimento, e agora estão comprando mais à medida que o mercado cai para tentar fazer um preço médio. "O risco é que a queda continue ou que o mercado fique ruim por muito tempo, e aí o preço médio vira um desastre e haja uma onda de vendas", diz ele, lembrando que é difícil para alguns novatos conviverem com uma queda de 10% no índice como a do mês passado.

A estratégia de tentar fazer preço médio tem o risco de levar o investidor a ter mais papéis do que recomenda a boa norma da diversificação financeira. É o caso do engenheiro mecânico Marcelo Nicolas, funcionário da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Com 41 anos, há cerca de dez anos investindo em bolsa, ele hoje está com 80% dos recursos em ações. "É uma loucura", admite ele, que se animou com o grau de investimento obtido pelo país e aumentou a exposição em ações em maio. "Fui pego de surpresa, nada indicava que, de quase 75 mil, o Ibovespa fosse cair para 58 mil", afirma ele, que continuou comprando depois da queda. "Como meu horizonte é me aposentar aos 55 anos, posso segurar essas posições por pelo menos mais um ano."

Nicolas montou a carteira tendo como parâmetros ações que paguem bons dividendos ou que sejam sólidas, como
Petrobras, Vale, Light e Gerdau. Mas ele acabou sendo pego no contrapé em alguns papéis em que tentou fazer um giro rápido e que perderam valor mais rapidamente ainda, caso da Bematech, que cai 19,35% no ano. "Agora estou casado com ela, levando-a para passear, ao shopping, ao cinema...", comenta, bem-humorado. Ele fundamenta a estratégia da paciência com o argumento que "aparentemente, o Ibovespa no longo prazo foi muito acima dos juros e se você não mantiver a estratégia de 'buy and hold' (comprar e manter) pode perder a recuperação". E conclui: "Vou procurar manter a calma e levar daqui para frente, já perdi e não vou me desfazer das ações agora, nem que seja para receber dividendos".


O crescimento das pessoas físicas na bolsa não é um risco, mas sim um fator benéfico para o mercado, ao pulverizar o universo de investidores, diz Marco Antonio Franklin, sócio da Paraty Investimentos. "É melhor milhares de pequenos acionistas do que um grande estrangeiro que sai do mercado e leva centenas de bilhões de dólares embora", afirma ele, acrescentando, porém, que o investidor precisa entender do mercado ou procurar pessoas que o orientem.

Para Franklin, o momento é bom para os investidores entrarem no mercado acionário. "Depois das fortes vendas de estrangeiros em junho, as ações estão baratas, mas mesmo assim é preciso saber escolher", afirma. Ele diz que a preferência deve ser por empresas maiores, mais líquidas, as chamadas blue chips, que também estão baratas, mas tem menor risco que um papel de segunda linha. "Temos uma Vale, uma Petrobras, que perderam muito do valor que tinham no meio do ano", diz. Ele é especialmente otimista com Petrobras, que teria um potencial até de dobrar de valor, levando-se em conta a tendência de manutenção dos preços do petróleo em alta.


Fonte: Jornal Valor de 17/07/08

Nenhum comentário: