quinta-feira, 24 de julho de 2008

Copom surpreende e sobe juros para 13% ao ano

Prezados,

O Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado formado pelos diretores e pelo presidente do Banco Central, responsável por fixar os juros básicos da economia brasileira, surpreendeu e subiu os juros em 0,75 ponto percentual nesta quarta-feira (23), de 12,25% para 13% ao ano. Com a decisão, a taxa de juros está no maior patamar desde janeiro de 2007.

Esse é, inclusive, o maior aumento de juros desde fevereiro de 2003, quanto a taxa Selic passou de 25,5% para 26,5% ao ano, ou seja, uma elevação de 1 ponto percentual. Naquele momento, havia fortes turbulências na economia brasileira, com subida do dólar, que chegou perto de R$ 4 antes da eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o BC optou por uma postura mais conservadora.

A decisão desta quarta do Copom pode ser considerada uma surpresa, se for levada em conta a previsão a última pesquisa semanal do Banco Central divulgada na segunda-feira (21). Nela, a maior parte dos analistas ouvidos disse acreditar em um aumento de menor intensidade (0,50 ponto percentual), para 12,75% ao ano.

A decisão dos integrantes do Copom foi unânime.

Com a elevação de juros, o Brasil foi confirmado na liderança do ranking mundial de juros reais - que são obtidos após o desconto da inflação. Essa é a terceira reunião consecutiva do Copom de subida nos juros e a estimativa de analistas do mercado financeiro é que a taxa básica subirá em mais quatro oportunidades em 2008, terminando este ano em 14,25% ao ano.


Ao final do encontro, foi divulgada a seguinte frase pelo BC: "Avaliando o cenário macroeconômico e com vistas a promover tempestivamente a convergência da inflação para a trajetória de metas, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 13% ao ano, sem viés".

De olho na inflação
A preocupação do Banco Central, ao subir os juros básicos da economia, é com o crescimento da inflação, que é resultado da elevação dos preços das "commodities" (produtos básicos com cotação internacional, como grãos, aço e petróleo, por exemplo) e do aumento da procura por produtos e serviços pela população - que acontece na esteira do processo de aumento da renda interna.

No Brasil, vigora o sistema de metas de inflação. Para este ano, e para 2009, a meta central de inflação é de 4,5%, com base no IPCA. Há um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, de modo que, teoricamente, a inflação poderia ficar entre 2,5% e 6,5%. Para conter aumento dos preços acima das metas, o BC sobe os juros. Quando julga que a inflação está compatível com as metas, pode baixá-los.


Embora a expectativa do mercado financeiro para o IPCA deste ano continue subindo, sendo elevada, na última semana, para 6,53%, ou seja, acima do teto de 6,50% do sistema de metas de inflação, o mercado segue acreditando, até o momento, que o comportamento da inflação será mais benigno em 2009 - uma vez que estima um IPCA de 5% para o ano que vem. Um aumento de juros demora pelo menos seis meses para ter impacto pleno na economia e, por conta disso, o BC já está mirando, neste momento, na meta de inflação de 2009.

Desaceleração
A decisão do Copom foi tomada apesar de o aumento dos preços, segundo dados divulgados recentemente, terem se mostrado desaceleração nas últimas semanas. O IPC da Fipe, por exemplo, somou 0,59% na segunda quadrissemana de julho, contra 0,77% na primeira semana deste mês. É o menor número desde a última semana de abril.

O IGP-DI, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentou um comportamento estável de maio (+1,88%) para junho (+1,89), o que foi interpretado por especialistas como o início de um processo de desaceleração na subida da inflação. Como ainda há pressões de alimentos, porém, analistas da FGV acreditam que esse processo será lento.

Demanda
A confiança do consumidor, divulgada nesta quarta-feira (23) pela FGV, recuou, por sua vez, 4,9% na passagem de junho para julho, e caiu ao menor nível em dois anos. Houve piora nas expectativas em relação às compras de bens duráveis nos próximos seis meses: a parcela dos que esperam gastar mais diminuiu de 13% para 10,7%.

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