quinta-feira, 5 de março de 2009

O PIOR DA CRISE JÁ PASSOU?

Prezados,

Esta crise tem surpreendido por sua intensidade nos diferentes setores da economia, porém o comércio internacional tem sido um dos mais afetados. Ao contrário do que aconteceu na década de 30 quando os países, para proteger os seus trabalhadores, optaram por criar barreiras protecionistas, causando um colapso severo do comércio mundial, hoje esta tendência não parece ser seguida (menos mau assim!).

Tal declínio, então, pode ser explicado pelo fato das demandas domésticas estarem superestimadas, assim como pelos fluxos de comércio estarem supondo crescimentos muito maiores do que os esperados atualmente. Com isso, uma redução para adequação de estoques era esperada.

O PROBLEMA DO "C" DO CREDITO AFETOU O CORACAO DO SISTEMA!
Um dos principais problemas para a velocidade do movimento recente foi a ruptura da oferta de crédito, uma vez que, no sistema de comércio atual, as antecipações de exportações são parte essencial.

Com a crise de crédito generalizada, as antecipações que estavam se tornando cada vez mais longas, se tornaram escassas, prejudicando a capacidade de exportar de uma série de empresas.

Esta mudança drástica nas condições de financiamento gerou necessidade de se criar novas estruturas e acordos entre as partes. Adiciona-se a isso, ainda, os financiamentos informais entre fornecedores que foram interrompidos devido à dificuldade de fluxos de caixa individuais.

Até agora os governos tem resistido às tentações protecionistas, mas as notícias não nos deixam esquecer que estas sempre estarão por perto. Há duas semanas o presidente francês, Nicolas Sarkozy, pensou em proteger os trabalhadores da indústria automobilística francesa, em detrimento dos da República Tcheca. Nesta semana o governo francês voltou atrás dessa decisão e assinou um memorando com a Comissão Européia de que não tomaria tais medidas.

Na mesma linha, o Congresso Americano aliviou a cláusula “buy american” - que protegia a indústria siderúrgica de seu país - para países que assinaram o acorde do WTO.

A ASIA...
Não podemos deixar de ter em mente que as economias asiáticas são muito dependentes das economias avançadas ou da exportação de bens duráveis e semiduráveis que entram na fabricação de máquina e equipamentos eletroeletrônicos e mecânicos.

Como o consumo destes produtos majoritariamente é de países avançados, a demanda por eles tende a cair abruptamente, uma vez que os EUA e a Europa se encontram em recessão e assim devem ficar por algum tempo.

O FMI aponta um crescimento negativo este ano para as economias avançadas e também para a corrente de comércio. Tal fato tende a agravar o crescimento dos países asiáticos que são muito dependentes das exportações para o crescimento da economia.

E O BRASIL?
No caso brasileiro, o efeito também será negativo. Acredito em uma queda importante em nossas exportações em relação a 2008.

Além do que nossa pauta é mais dependente de produtos ligados ao setor primário e ainda temos uma maior diversificação no que tange ao número e a importância dos países nas exportações total.

A parte que diz respeito á máquinas e equipamentos elétricos e mecânicos, mais ou menos 25% da pauta, deve sofrer uma queda mais expressiva, fruto da crise internacional e da diminuição de manda por tais bens. Como a participação é relevante o impacto via este canal também será.

O "X" DA QUESTAO...
O comércio internacional sem dúvidas é um ponto nevrálgico da contaminação desta crise, principalmente, até agora, pelo canal do crédito.

Os efeitos dessas contrações já mostraram os efeitos devastadores sobre as economias asiáticas, que podem servir de exemplo do que aconteceria se o mesmo acontecesse com o resto da economia global.

As medidas protecionistas apesar de terem se intensificado marginalmente não estão ainda em um espiral perigoso. Dito isto, mesmo diante desse cenário de não implementação dessas medidas, o comércio internacional não será válvula de escape para nenhuma economia, no curto prazo, como normalmente é em períodos de crise.

RESUMO DA OPERA
Não se anime com a subida de hoje, quarta-feira, dia 04-03-09. A Vale subiu 10% com a perspectiva de demanda maior chinesa, mas é só uma expectativa, que pode se concretizar ou não... Ainda há muito o que se superar até voltarmos ao patamar de antes !

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