segunda-feira, 21 de abril de 2008

Cias. com lucros crescentes tendem a ter cotações crescentes no longo prazo?

Prezados, verificando o que ocorreu com as companhias brasileiras nos últimos 12 anos, por meio da correlação entre os lucros e as cotações poderemos ter evidências se há fundamento nesta proposição ou não.

Queda consistente nos lucros
Um caso interessante é o da NET. O negócio, em si, é excelente e quase monopolista, mas pelo enorme investimento, pela baixa demanda inicial, pelos “gatos” e pela dívida contraída, além das crises cambiais dos últimos anos da década de 90, a empresa amargou prejuízos recorrentes.

O que se verifica, abaixo, é que a cotação resistiu bem até 1999, mas após esse período veio em queda livre, com especial atenção ao ano de 2002, de forte queda na bolsa e quando a NET assumiu um prejuízo de mais de R$ 1,12 bi.


No curto prazo, foi possível multiplicar o capital até 8 vezes em um ano, mas para qualquer pessoa que tenha comprado mensalmente esta empresa, desde 1996, o patrimônio teria sido reduzido significativamente.

Outro caso que apresentou o mesmo comportamento, e por motivos semelhantes, foi o da Light. Veja: A correlação entre o lucro e a cotação (valor de mercado) é insignificante, nos dois casos. Isso significa que o lucro e a cotação não apresentaram qualquer relevância estatística que pudesse revelar alguma relação entre eles. São variáveis que se comportaram quase que aleatoriamente.

Lucros consistentes, porém sem tendência definida.
Há ainda os casos das empresas que têm lucros consistentes, porém sem qualquer tendência definida. Nesses casos, deve-se esperar que a cotação guarde baixa correlação com os lucros, ou seja, as variáveis são pouco relacionadas.

Vejamos os exemplos a Globex (leia-se Ponto Frio) e a BASA (Bco. da Amazônia) Como são empresas com lucros consistentes, embora oscilando muito, pode-se esperar que o investidor regular tenha conseguido obter algum patrimônio no longo prazo, sem grande rentabilidade. No caso do Banco da Amazônia, os valores das cotações, antes de 1999, são praticamente residuais, pois a negociação era baixíssima e o free-float idem.


Lucros que crescem com consistência
A hipótese é a seguinte: Empresas que apresentem uma evidente tendência de alta, deverão apresentar cotação também em alta e elevada correlação entre as variáveis. Vejamos alguns exemplos: Analisando os números:

VALE (VALE5):

- Lucro (R$ mi) – 10 anos de crescimento / 1 ano de queda.
- Cotação – 10 anos de crescimento / 1 ano de queda.

- Correlação (Lucro x Cotação): 98,5%

BRADESCO (BBDC4):

- Lucro (R$ mi) – 9 anos de crescimento / 2 anos de queda.
- Cotação – 8 anos de crescimento / 3 anos de queda.

- Correlação (Lucro x Cotação): 97,6%

ITAÚSA (ITSA4):

- Lucro (R$ mi) – 10 anos de crescimento / 1 ano de queda.
- Cotação – 9 anos de crescimento / 2 anos de queda.

- Correlação (Lucro x Cotação): 96,2%

MARCOPOLO (POMO4):
- Lucro (R$ mi) – 9 anos de crescimento / 2 anos de queda.
- Cotação – 8 anos de crescimento / 3 anos de queda.

- Correlação (Lucro x Cotação): 94,2%



A correlação altíssima em todos os casos indica que mais de 90% do crescimento da cotação pode ser explicado pelo crescimento dos lucros.

Não são os únicos casos.

Normalmente, em empresas que conseguem apresentar consistência no crescimento de lucros, pode-se verificar forte correlação com o crescimento dos preços.
Nos casos acima, temos: Randon (92,6%), Sadia (90,3%), Gerdau (82,5%) e Usiminas (81,4%). Ressaltese que no caso das siderúrgicas a correlação é menor, porém ainda bastante expressiva (superior a 80%). A diferença no caso da Gerdau pode ser explicada, em parte, pela opção da companhia divulgar já a partir de 2007 os dados em IFRS, modelo contábil padronizado internacionalmente.



Vale lembrar que esta análise pegou dados dos últimos 12 anos, o futuro pode ser diferente.

A maior regra do mercado é essa, desempenho passado não garante o futuro.

Todos devem saber bem disso, pois é algo muito difundido.

No curto prazo, essas variações não podem ser tratadas, até porque os lucros são declarados trimestralmente. As empresas com crescimento consistente nos lucros não deveriam ser as mais indicadas, também, para grandes ganhos percentuais de curto prazo, pois, em tese, deveriam oscilar de forma mais gradual que aquelas sem consistência nos lucros.

RESUMO DA ÓPERA
Para quem busca grandes ganhos no curto prazo, talvez não sejam as mais indicadas.

Contudo, a longo prazo, para os investidores que não se preocupam com oscilações momentâneas, vide a atual crise do Subprime, os que compraram regularmente as companhias acima devem ter verificado grande crescimento patrimonial!

BON$ INVE$TIMENTO$!

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