terça-feira, 10 de junho de 2008

Tensão no Ar....

Prezados,

Primeiro foi a alta dos índices de preços que trouxe de volta o medo do fantasma da inflação. Depois foi a vez do cenário internacional, que há alguns meses não anda muito bem e, nas últimas semanas, voltou a preocupar. Inicialmente, com o risco de a festa da valorização das commodities estar próxima do fim e, em seguida, com a possibilidade de os bancos internacionais amargarem novas perdas significativas neste trimestre com os títulos hipotecários americanos. Uma pitada de pimenta daqui e outra de sal dali formaram o caldo ideal para que os investidores tirassem o pé do acelerador e fossem em busca de um porto mais seguro dentro da bolsa. O Ibovespa ontem seguiu em queda pelo segundo dia consecutivo, perdendo 0,72%, aos 69.281 pontos.

INVESTIDORES BUSCAM PROTEÇÃO NAS ELÉTRICAS.
Nessa linha de raciocínio, o mercado ontem foi com sede ao pote rumo às ações de energia elétrica. Esses papéis se destacaram entre as maiores altas do Índice Bovespa. As preferenciais (PN, sem direito a voto) da Transmissão Paulista subiram 5%, enquanto que as PNBs da Eletropaulo se valorizam 3,63% e as PNBs da Cesp outros 3,33%. Já as preferenciais da Cemig se valorizaram 2,36%.

As elétricas são tradicionalmente boas pagadoras de dividendos, que servem como excelente amortecedor em momentos de turbulência
. Esse tipo de papel geralmente sobe menos na hora da bonança, mas também cai menos na tempestade. E é exatamente esse tipo de proteção que os investidores estão à procura agora que o mar não parece estar para peixe.

As elétricas também se mostram como uma forma interessante de se proteger do repique da inflação, uma vez que os cálculos para os reajustes tarifários dessas companhias, entre outros fatores, levam em consideração o comportamento dos índices de preços no período. Para muitos, estar nessas ações é uma boa opção para continuar na bolsa e, ao mesmo tempo, evitar que os recursos sejam corroídos pela inflação.

A preocupação faz sentido, já que dia após dia os índices de preços vêm surpreendendo negativamente. Ontem, o Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna (IGP-DI) de maio teve alta de 1,88%, a maior desde janeiro de 2003.

O reajuste tarifário de algumas elétricas considera principalmente o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), já o de outras se baseia no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e há ainda aquelas cujo reajuste usa um mix dos dois indicadores. O reajuste de companhias como AES Tietê, Eletropaulo, Transmissão Paulista e Terna considera o IGP-M, enquanto que na Light, Copel, Eletrobrás e Celesc o IPCA tem peso maior. Vale lembrar que o aumento dos preços está maior no atacado, que se reflete mais no IGP-M do que no varejo, traduzido pelo IPCA.

No começo do mês, a consultoria financeira CMA divulgou relatório de arbitragem com papéis de elétricas. Pelas estatísticas, as cinco ações com maior potencial de alta são: Equatorial Energia (+48,28%), Cesp (+40,56%), Light (+34,69%), Copel (+29,59%) e Cemig (+28,49%).


BOATOS SOBRE NOVAS COMPRAS CASTIGAM A VALE
As ações da Vale - segunda maior companhia da bolsa - contribuíram para a queda do mercado ontem. As ordinárias (ON, com voto) da mineradora caíram 3,38%. Já as PNAs tiveram queda de 1,74% e foram os papéis mais negociados, com volume de R$ 683,5 milhões. As PNs da Bradespar, que está no bloco de controle da Vale, caíram 3,60%. Além da queda das commodities, os papéis da mineradora sofreram com os fortes rumores de que, após o fracasso da aquisição da gigante Xstrata, a companhia estaria preparando uma megacompra no exterior. Num primeiro momento, uma grande aquisição pode representar um alto endividamento, sem saber se haverá a contrapartida do retorno.

A queda do níquel vem atrapalhando o desempenho das ações da Vale. A commodity, que em 2007 ultrapassou os US$ 50 mil a tonelada, hoje está na casa dos US$ 22 mil. Depois da compra da Inco, o níquel passou a representar cerca de 25% do lucro da Vale.

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