terça-feira, 24 de junho de 2008

INFLAÇÃO & PETRÓLEO - COMBINAÇÃO EXPLOSIVA

Prezados,



Inflação hoje não é um assunto exclusivo dos brasileiros, muito pelo contrário. É um aspecto que assombra os países ditos desenvolvidos, em função da contínua elevação do preço do petróleo, que pasmem: não deve diminuir sua continuidade.

No Brasil, em específico, após três anos acomodada em patamares invejavelmente baixos, as projeções de mercado já indicam que a inflação deve encostare no teto da meta estabelecida pelo CMN (6,5%), o que levou nosso Banco Central a atuar subindo os juros básicos da economia em um ponto percentual (por enquanto).

QUAIS OS IMPACTOS?
Com os juros voltando a subir, há uma tendência de realocação de ativos, privilegiando-se os de renda fixa, em detrimento dos renda variável.

O primeiro ponto relevante refere-se ao ganho real, que vai se reduzir e virar negativo em alguns casos. Este é calculado retirando-se da rentabilidade da carteira a inflação ocorrida. Se pegarmos como base a família dos IGPs (e não o IPCA usado no sistema de metas), a situação é ainda muito pior, pois já estão superando a casa dos 13% ao ano, próximo da remuneração atual do CDI.

O segundo aspecto importante tem relação aos papéis de renda fixa, que compõem as carteiras de praticamente todos os tipos de fundos de investimentos. Com a inflação em alta, os títulos prefixados passam a perder atratividade e a demanda por pós-fixados naturalmente se eleva. Assim sendo, ocorrem, muitas vezes, distorções nos preços, o que acaba influindo temporariamente de forma negativa nas cotas.

Outro ponto que se sobressai, quando a inflação é mais alta, é a variável taxa de administração, que se torna muito mais saliente, uma vez que ela "consome", por natureza, rentabilidade. Deve ser considerada na escolha do investidor.

Todavia, a questão de maior relevo é, a meu juízo, o impacto indireto nas bolsas de valores. Como no modelo macroeconômico vigente em nosso país os juros são eleitos os responsáveis pelo combate à alta dos preços, há um efeito multiplicador perverso sobre as empresas. Esse se dá, resumidamente, assim: 1) Juro em alta implica em crédito mais caro e, conseqüentemente, em menos consumo e menores vendas; 2) Juro em alta traz maiores custos financeiros. Efeito de 1 + 2 = menores lucros e baixa das cotações em bolsa. Dessa forma, os investimentos em ações deverão ser contaminados negativamente com essa onda de aperto monetário, especialmente se ele se prolongar e for de grande magnitude (maior que dois e meio pontos percentuais). Assim sendo, os fundos de ações podem vir a ser prejudicados.

Nesse cenário, os fundos multimercados, que possuem estratégias múltiplas em renda variável, são os mais indicados. Podem se utilizar, por exemplo, do long/short, para se aproveitar das distorções que ocorrem em momentos de mercados com maiores incertezas.

Para concluir, a despeito do grau de investimento conquistado, o cenário para as aplicações pode não ser mais róseo como no passado recente. A volta da inflação mais elevada é somente mais um fator complicador.

2 comentários:

Augusto César Willer disse...

Olá caro BF;

Fiz uma análise sobre esta temática envolvendo os motivos macroeconômicos que se refletem nas quedas vista nas Bolsas, mundo afora. (ver: http://ondasfinanceiras.blogspot.com)
Achei extremamente didática sua dissertação sobre as consequências dos aumentos de juros e da migração de capital entre renda variável e fixa. Mais uma vez, parabéns

BUSSOLA DE FINANCAS disse...

Prezado Augusto,

Agradeço sua visita!
Tb. aprecio muito seu Blog!

Abs

BF