sexta-feira, 17 de outubro de 2008

CACHORRO PICADO POR COBRA TEM MEDO ATÉ DE BARBANTE...

Você já viveu algum relacionamento que, quando estava em crise, fazia de tudo para poder melhorar o clima e nada funcionava? Sim? Pois é, sabemos que você deve estar se perguntando a razão desse questionamento, já que aqui se fala sobre finanças, e não sobre relacionamentos. No entanto, o problema que acontece hoje nos mercados mundo afora é justamente este, um problema de relacionamento, mais especificamente, de falta de confiança.

Imagine que, em algum momento, você acabou traindo a(o) sua companheira(o) e que, para piorar a situação, ela(e) descobriu. Muito bem. Muito bem nada, muito mal! Agora, além de não querer te ver nem pintado de ouro, ela(e) perdeu completamente a confiança em você. E agora, o que fazer? Você não consegue imaginar a sua vida sem ela(e) e por isso vai à luta, diz que está muito arrependido(a), compra flores (ingresso para o Campeonato Brasileiro), chocolate (cerveja), jóias. Fala que ela(e) é muito importante para você e que fará tudo para reconquistar a confiança dela(e).

E O QUE MERCADO TEM A VER COM ISSO?
Vamos lá, ao longo dos últimos anos os investidores confiaram cegamente na competência dos grandes bancos de investimentos, no poder da economia norte-americana, na forte expansão das economias emergentes, etc. Com o agravamento da crise do mercado subprime, criado dentro desses bancos, o mercado de crédito em geral foi afetado, impactando diretamente a perspectiva acerca do crescimento econômico global. O castelo de cartas ruiu, e assim como aconteceu com a pessoa traída, foi embora a confiança do investidor.

Nas últimas semanas, os governos e bancos centrais mundo afora têm feito de tudo para reconquistar a confiança dos investidores e do mercado interbancário, que, por não conhecer ao certo a saúde financeira dos outros bancos, reduziram seus empréstimos para não ficarem expostos ao risco de inadimplência, mantendo o conhecido “empoçamento de liquidez”

Para citar alguns exemplos, o banco central norte-americano (FED) anunciou um pacote de ajuda no valor de US$ 850 bilhões. Em uma ação coordenada entre os principais bancos centrais do mundo, anunciaram a redução da taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual das taxas básicas de juros na tentativa de aumentar a liquidez na economia. Além disso, aumentaram a garantia dos depósitos dos correntistas em caso de falência bancária, sendo que, em alguns países, a garantia chega a 100%.

Por aqui, o banco central (BACEN) já mexeu nos depósitos compulsórios a prazo e à vista, sendo que, só da última vez, anunciou medida que resultará na liberação de R$ 23,2 bilhões aos bancos, visando a redução da desconfiança do mercado acerca da escassez de recursos no mercado interbancário brasileiro. Adicionalmente, deu continuidade ao processo de venda das reservas internacionais para conter a alta do dólar, reduzindo a pressão sobre as empresas endividadas na moeda norte-americana.

CACHORRO PICADO POR COBRA TEM MEDO ATÉ DE BARBANTE...
Pois bem, como cachorro picado por cobra tem medo até de barbante, a estatização de um banco na Islândia foi capaz de mexer com o ânimo dos investidores. Daí, você novamente pergunta:

- Por que, mesmo com tantas medidas, as bolsas não se recuperam?
- Falta de confiança!
- Ok, mas até quando isso vai durar?
- Até o momento em que as medidas tomadas começarem a surtir efeito, reduzindo a desconfiança do consumidor.
- E quando começarão?
- Assim como a tentativa de reconquistar a confiança da(o) amada(o), o tempo dirá. Só há uma observação a fazer (e a favor do mercado): pelo fato da economia ser cíclica, existe a certeza de que a confiança será recobrada, restando a dúvida sobre a duração. Já no caso dos relacionamentos pessoais...

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