quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Quer pagar quanto?

Prezados,

O setor de construção sofre com a crise. Mas qual a lógica por detrás disso?

No primeiro semestre, com o agravamento da crise do crédito no exterior, o mercado passou a restringir suas recomendações a companhias mais consolidadas, com presença em diversas regiões do país e um representativo banco de terrenos. Cyrela, Gafisa, Rossi, PDG e MRV pareciam ser então as aplicações mais atrativas.

Recentemente, no entanto, o mercado percebeu que o início do ciclo de aumento dos juros impediria o Brasil de experimentar o tão aguardado boom imobiliário já a partir deste ano. Com a quebradeira de bancos nos Estados Unidos e Europa e o encarecimento do crédito no Brasil, um novo fator surgiu para tornar ainda mais seleto o grupo de bons investimentos: o endividamento. Empresa mais alavancada entre essas cinco incorporadoras, a Rossi passou a ser um péssimo investimento. Suas ações acumulam queda de 76% neste ano, a maior baixa entre todos os papéis que compõem o Ibovespa (principal índice da bolsa paulista).

O desempenho das ações do setor de construção

Empresa

Variação
no ano (%)*

Inpar

-93,6

Abyara

-89,8

Tenda

-86,8

Even

-76,2

Rossi Residencial

-76,0

Trisul

-72,0

Eztec

-69,7

Helbor

-69,4

Klabin Segall

-65,0

Lopes

-61,4

Camargo Corrêa

-61,2

Brascan

-59,1

Tecnisa

-58,6

Company

-58,5

CR2

-52,2

MRV

-47,4

PDG Realty

-45,9

JHSF

-41,4

Agra

-39,8

Rodobens

-38,0

CCP

-33,0

Gafisa

-26,9

Cyrela

-19,3

Fonte: Economática

* No ano, até 29/09/2008


O QUE MUDOU?? RESPOSTA: O CREDITO!!!!!!!!!!

O crédito tornou-se um diferencial porque o aumento das despesas com o pagamento de juros deve ter impacto direto na margem de lucro das incorporadoras. Nesta semana, a Rossi anunciou que faria uma emissão de 40 milhões de reais em debêntures pagando uma taxa equivalente ao CDI mais 3,5% ao ano – acima, portanto, dos juros pagos na emissão anterior. Além disso, os bancos também estão sendo mais criteriosos na liberação de financiamentos para os consumidores - e o reflexo já poderá ser sentido nas vendas de imóveis em setembro.

Esse cenário mais adverso ajuda também a explicar a rápida venda da Tenda para a Gafisa e da Company para a Brascan – em operações em que os controladores não receberam prêmios para deixar o comando dos negócios. O movimento de fusões e aquisições, entretanto, não é sinônimo de alto risco de falência no setor. As empresas do setor admitem uma redução na velocidade de vendas em setembro, mas ainda têm três caminhos para se capitalizar. A primeira delas é pela diminuição de lançamentos, que reduz a necessidade de crédito. A segunda é com a venda de terrenos e outros ativos. Por último, também é possível realizar aumentos de capital com a busca de novos parceiros.

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